Setor se adaptou à realidade do e-commerce para cativar novos clientes durante a vigência das medidas de isolamento social
Por Isabella Alonso Panho
A pandemia da Covid-19 causou estragos em muitos setores da economia. Em dois anos de restrições sanitárias, a crise foi implacável. Alguns segmentos, no entanto, dão dinais que passaram incólumes a toda esta tempestade, como é o caso do setor de joias.
Sem a concorrência das viagens, as joalherias e até pequenos ourives registram crescimento nas vendas de 20% em 202, na comparação com o ano anterior, segundo dados do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).
“A pandemia impactou no mercado de joias. Principalmente porque houe a queda no setor turístico. O mercado de luxo, de modo geral ficou aquecido, em especial o setor joalheiro”, aponta Karine Sackser, diretora comercial do Grupo Bergerson, que inaugurou mês passado uma repaginação da loja da Big Ben, em Londrina.
O mesmo tipo de impacto foi percebido por estabelecimentos locais. “Para a gente na pandemia, infelizmente – porque a oandemia não é boa em nenhuma circunstância – o nosso comércio melhorou. Houve uma nova perspectiva de trabalho para nós”, conta Elcio Batista, gerente da Joalheria 18 Quilates, empresa londrinense que atua há 23 anos no ramo e possui dois estabelecimentos na cidade.
Uma das ferramentas por meio das quais o setor viabilizou esse crescimento foi o fortalecimento das plataformas virtuais de venda – desde o atendimento via Whatsapp e redes sociais até melhorias nos sites. “Não só no nossa ramo, mas em muitos outros, houve uma abertura do mercado ao Instagram, às redes sociais. A gente tinha essa ferramenta, mas não dava muita importância”, relembra Batista. Para o gerente, as novas circunstâncias da pandemia obrigaram o negócio a se adaptar: “a gente começou a fazer um trabalho dedicado às redes sociais, contratando blogueiras, e isso alavancou nossas vendas, ajudou bastante”.
As joalherias do grupo Bergerson fizeram um movimento semelhante. “ Os novos canais de venda que se fortaleceram no período da pandemia, como e-commerce, possibilitaram um maior volume de novos clientes. Clientes esses que fazem buscas, que fazem pesquisas inicias, e acabam, na maior parte das vezes, se direcionando a uma loja física só para finalizar a sua compra”, conta Sackser.
Tendência
Segundo uma estatística publicada pelo E-commerce Brasil, projeto mantid por várias empresas que trabalham com vendas virtuais, a tendência é que essa modalidade de comércio continue a crescer, mesmo diante da flexibilização das medidas de isolamento. A nível nacional, no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 12,59% nas compras por plataformas e-commerce. Em fevereiro deste ano, as vendas online já representavam 12,4% de toda a movimentação do varejo.
Há também fatores de ordem emocional que podem ter ocasionado uma procura maior por joias. “De um modo geral, atendemos os consumidores que estavam marcando momentos especiais. Uma retomada do pedido de namoro, do pedido de casamento, do aniversário de união, o nascimento dos filhos, uma vitória pessoal”, pondera Sackser.
Batista sente que, após o intenso sofrimento causado pela pandemai, as pessoas estão suscetíveis a fazer compras de durabilidade. Como a 18 Quilates tem por foca a venda de alianças, esse tipo de joia representa mais de 60% do seu faturamento. Ele brinca: “Joia é supérfluo? Entre aspas. A aliança todo mundo precisa para se casar”.
*Isabella Alonso Panho para Folha de Londrina