Da sala de yoga à saúde emocional: se sua empresa ainda vê bem-estar como um “extra”, talvez esteja perdendo talentos e competitividade sem perceber.

Em tempos de alta rotatividade, burnout silencioso e profissionais em busca de propósito, uma coisa precisa ficar clara para o RH: o bem-estar dos colaboradores não é mais um “plus”. É estratégia de negócio.
A geração Z, cada vez mais presente nas empresas, já chegou com recado direto: bem-estar não é só academia no app nem fruta no refeitório. É saúde emocional, espaço para ser ouvido, liberdade para trabalhar com autonomia e conexão verdadeira com os valores da empresa.
E os dados não deixam dúvidas: segundo a Universidade Johns Hopkins, a geração Z representará 30% da força de trabalho até 2030. Paralelamente, uma pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a Neo Química aponta que mais de 50% dos jovens de 18 a 29 anos consideram o equilíbrio emocional o maior sinônimo de bem-estar. Para quem tem mais de 30, a prioridade ainda é a saúde física. Mas uma coisa une todas as idades: o desejo por ambientes de trabalho mais humanos, saudáveis e flexíveis.
“Estamos entrando em uma era em que o clima organizacional vale tanto quanto o salário. O que as empresas oferecem em troca da força de trabalho precisa ir além do contracheque. Falamos de cultura, diálogo, autonomia e equilíbrio”, explica Mariana Cerone, Head de Marketing e Produtos da Up Brasil.
Bem-estar não é mimos — é cultura
Não adianta anunciar um “pacote de benefícios” se o dia a dia da empresa continua tóxico, com lideranças despreparadas, metas inalcançáveis e ausência de escuta. A nova geração já entendeu: o verdadeiro bem-estar é emocional, social e psicológico.
Segundo Mariana, “os jovens valorizam empresas que se preocupam com o desenvolvimento real de carreira e que enxergam o colaborador como ser humano completo, e não como uma máquina de entregar resultados”.
“Eles negociam com base no que chamamos de salário emocional — o conjunto de experiências não monetárias que dão sentido à permanência no emprego: cultura, aprendizado, equilíbrio, propósito, boas relações e escuta ativa”, reforça.
O que a nova NR-1 tem a ver com tudo isso?
Muita coisa. A norma, que entra em vigor no dia 26 de maio, exige ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis — física e mentalmente. Mais do que obrigação legal, ela marca uma virada de chave para que as empresas tratem o bem-estar como um valor estrutural, e não mais como “campanha de saúde” ou “ação pontual do RH”.
O RH precisa assumir o papel de escuta e ação
Se o colaborador não se sente ouvido, se decisões são tomadas sem explicação, se feedback é uma raridade e se o ambiente suga energia ao invés de impulsionar… algo está errado — e a conta chega rápido.
A falta de escuta e a rigidez nas relações internas são gatilhos para quadros de ansiedade, desmotivação, rotatividade, e até burnout.
“Criar canais reais de diálogo, promover segurança psicológica e treinar lideranças para humanizar as relações é urgente. RH não pode ser neutro quando o assunto é bem-estar. Precisa ser protagonista”, destaca Mariana.
E o que sua empresa pode (e deve) fazer agora?
- Revisar a cultura e os valores com o olhar das novas gerações
- Treinar líderes para escutar, acolher e desenvolver pessoas
- Implementar modelos híbridos ou flexíveis com propósito
- Tratar o presencial como espaço de conexão, não de controle
- Oferecer suporte emocional real, com psicólogos e programas de saúde integrados
- Valorizar o salário emocional como ferramenta de retenção
RH que valoriza bem-estar constrói mais do que times — constrói um legado
A empresa que entende esse novo conceito de bem-estar não apenas atrai talentos, mas os desenvolve e mantém com propósito. Não é sobre ter um ambiente “bonito para foto”, mas sobre criar uma cultura onde as pessoas possam existir com saúde, segurança e verdade.
Fonte: Mundo RH