Casamentos, autoindulgência e produtos sustentáveis e mais baratos estão fazendo os jovens aumentar sua participação no consumo de joias
Por Erica Mendes
Os consumidores mais jovens estão desempenhando um papel cada vez mais importante para impulsionar o mercado de joias. E isto tem uma explicação: após a pandemia, muitos estão pensando em se casar. O sentimento de se sentir sozinho e isolado, causado pelo lockdown, despertou o desejo das pessoas quererem ficar mais próximas e até dividirem o mesmo teto. Além disto, aqueles que já moram juntos estão oficializando sua união com todas as ‘pompas’ que esse rito sugere.
De acordo com uma previsão do The Wedding Report , só nos Estados Unidos, são esperadas cerca de 2,5 milhões de núpcias no próximo ano, o que marcaria um recorde de quatro décadas. No Brasil, de janeiro a outubro de 2021, o número de casamentos cresceu 30% e, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), o número deve saltar para 47% no primeiro semestre de 2022 em comparação com o mesmo período desse ano.
Ou seja, os casais esbanjarão não apenas em alianças, mas também anéis de noivado e outras joias para o grande dia. Somado a isso, outros perfis de compradores estão procurando maneiras de mostrar apreço por um ente querido durante esse cenário pandêmico, e joias estão sendo consideradas para isso. Afinal, vale lembrar que as pessoas realmente gostam de dar presentes duradouros que enfatizam o amor e o compromisso, especialmente em tempos de desafios, com os quais todos estão passando e, por isso, se identificam com essa categoria de produtos.
A joia como autoindulgência
Outros fatores também têm causado o aumento da participação de jovens no consumo de joias. De acordo com Marie Driscoll, diretora da categoria de luxo e moda da consultoria de varejo Coresight Research, alguns consumidores conseguiram acumular dinheiro durante a pandemia, pois não gastaram com viagens e outras experiências no ano passado. Ela explicou que esses consumidores colocaram dinheiro extra em suas contas bancárias e conseguiram economizar para as compras desejadas. “Muitas pessoas mantiveram seus empregos e estão trabalhando de casa, permanecendo com o estilo de vida ‘Zoom’. Esse novo modo de vida faz com que o luxo se torne uma forma de celebrar a vida”, disse ela. “E uma das melhores compras de bem-estar e autoindulgência no setor de luxo são as joias, porque, na maioria das vezes, há histórias por trás delas.”
De olho na matéria-prima sustentável
Ainda de acordo com Driscoll, os consumidores mais jovens também afirmam se preocupar mais com a sustentabilidade do que os mais velhos e estão favoráveis aos diamantes cultivados em laboratório. Mais joalherias estão adicionando opções ecológicas em seu mix de produtos, expandindo essa categoria no estoque, disse ela.
Um diamante cultivado em laboratório é fabricado em vez de ser extraído do solo. Ele usa tecnologia que replica o processo natural de cultivo do diamante, mas causa menos danos ao meio ambiente. As pedras também são mais baratas e atestam que sua origem não está vinculada a zonas de conflitos “Eles têm avatares, vivem em um mundo virtual, vivem no metaverso”, disse Driscoll sobre os millennials, um grupo demográfico que abrange as idades de 25 a 40. “Um diamante cultivado em laboratório não é tão desagradável para quem tem menos de 30 anos como é para alguém com mais de 30”.
Em 2018, a De Beers lançou sua própria marca de diamantes cultivados em laboratório chamada Lightbox. Este ano, a Pandora informou que se concentrará em gemas mais acessíveis, sustentáveis e cultivadas em laboratório. Enquanto isso, a Tiffany começou a informar, no ano passado, o país de origem de seus diamantes com mais de 0,18 quilates.
A joalheria nova iorquina também empregou uma série de outras táticas para atingir os consumidores mais jovens. Em abril, ela começou a vender seu primeiro anel de noivado masculino , explorando o aumento de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. E convocou celebridades como Jay-Z e Beyonce para estrelar suas campanhas publicitárias. “Se você não capturar o cliente da geração Y estará colocando seu modelo de negócios em risco extremo no futuro”, finaliza Oliver Chen, analista de varejo da Cowen & Co.